
Entrou a correr a aproveitar naqueles últimos segundos em que a portas do Metro se fecham como que a dizer "Vais no próximo!". Escondi um sorriso por detrás do livro ao ver o ar aflito e o suspiro profundo. Vinte anos ou pouco mais, mulato com mais de um metro e setenta, escondia o ar de garoto dentro de um impecável fato azul escuro e gravata de pintas a condizer. E de repente, o
anorak amarfanhado na mão a desmentir a pose. Saiu duas paragens depois, não sem antes enfiar o casaco grosso por cima do blazer impecável. Nas costas destacava-se a frase “Dead Hunter” em estilo gótico. E eu fiquei, por detrás do vidro, a espiar-lhe os passos apressados de quem vai atrasado para cumprir um dever.
Fotografia de Hassan Beyah tirada daqui
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