Do bairro



São dois. São casados. Trabalham juntos. Têm uma mercearia que só fecha ao domingo à tarde. Ela tem sempre um sorriso para dar. Ele é mais contido, mas basta passar pela porta para ouvir um bom dia que torna o dia mesmo bom, quando ainda está a começar.

São dois. São casados. Trabalham juntos. Têm um café bem pequeno, que fecha ao domingo. Têm as melhores empadas de galinha da cidade. São os dois sorridentes e conversadores, perguntam por nós e pelos nossos, sem nunca ultrapassar a ténue fronteira.

Por isso, quando saímos do autocarro passamos por lá para comprar uma fruta que faz falta ou legumes para a sopa. Damos dois dedos de conversa, ficamos a saber a vida do bairro, não a vida das pessoas do bairro.

Por isso, desviamos caminho aos sábados, para tomar um café e comer um bolo antes de seguirmos para as compras. Ficamos a saber do andamento das obras no jardim e da restante vida do bairro.

São quatro. Não se conhecem a não ser ligeiramente. Trabalham perto, mas não devem entrar nas casas dos outros. E fazem-nos sentir do bairro e fazem-nos sentir em casa.

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