Mãe de chocolate

Seis e meia é hora de ponta. De gente e, por vezes, de sentimentos. Desço as escadas da estação terminal e enfrento por fim o frio escuro do fim de tarde de Inverno. Saio a fugir da chuva, por entre o véu de fumo das castanhas, a procurar abrigo no telheiro. Lá ao fundo surge  uma "mãe de chocolate". Empoleira na anca a filha pequena, e com a outra mão segura o saco de compras e a filha mais velha. Avança em passo rápido a marcar o tempo que lhe falta para pôr o jantar ao lume, e certamente a maldizer a chuva que não deixa secar a roupa no estendal. Sinto um sorriso a nascer-me por dentro, e a saudade de ter as minhas pequenas dentro dos braços. E sorrio. E ela olha-me e sorri de volta. De repente já não é noite e a chuva parou e o frio fez-se doce. E ficamos assim, nuns breves instantes de felicidade, a sorrir uma para a outra, num reconhecimento mútuo, de mães.


*imagem retirada de BlackPast.org

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