O caminho da escola

Seguem em filinha. Todos os dias. De mochila às costas, às vezes levam pela mão os mais novos. Seguem a caminho da escola, sozinhos. Vejo-os todos os dias depois de deixar as pequenas. Sigo de carro e pelo vidro espreito-lhes os passos. Lá vão eles, pelo passeio, ou pela berma da estrada, em passo acelerado ou devagarinho a distrair o atraso com chutos nas pedras. De mochila às costas. Sozinhos. E fico a pensar nos pais que os beijaram de manhã, antes da sair . De casa à escola são várias ruas, ou estradas, muitos carros e muita gente. E eles ali vão, aqueles pedacinhos de gente, a fazerem-se homens e mulheres, devagarinho. Hoje fugiam à chuva e o passo era mais rápido, as galochas traziam agarradas à sola a lama dos bairros escondidos. E eles riam e chapinhavam nas poças da berma do caminho. E eu sorri e afugentei para longe as sombras e os medos.

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