A motoreta amarela


Vejo-os muitas vezes, ao fim da tarde, quando se libertam os meninos das tarefas do dia. Um avô e um neto e a motoreta amarela. O velho pára, pousa o capacete vermelho com meticuloso cuidado e espera. O som do escape velho já disse ao neto que o estudo chegou ao fim, e dá gosto vê-lo a sair da porta, com o capacete branco debaixo do braço, a correr para as mãos do avô. Este pousa-lhe uma mão usada no ombro enquanto vai ouvindo as aventuras do dia. A motoreta, essa, espera que os seus passageiros se ajeitem que se prendam as tiras dos capacetes e que, por fim, o avô pergunte "estás pronto? estás bem seguro?" E depois vejo-os, por fim, arrancar devagarinho por entre uma nuvem de fumo que se esbate na curva da estrada. Um capacete vermelho e um capacete branco sobre uma motoreta amarela.

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